eixos temáticos
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Em sua nona edição, o evento Urbanismo na Bahia, o urbBA[19], tem como objetivo geral dar continuidade, em uma periodicidade anual, a uma discussão sistematizada, regular e ampla sobre o urbanismo contemporâneo, entendendo essa área de atuação enquanto uma das instâncias de constituição do mundo comum, da esfera pública e do espaço público propriamente dito.
Enquanto campo disciplinar, é imprescindível que a reflexão sobre as experiências realizadas ou em curso seja incentivada e aprofundada, como forma de alimentar tanto a constituição teórica do próprio campo quanto o conjunto de questões que a ele se impõem no processo. Resta salientar que, em ambos os casos, os desdobramentos referentes à elaboração, avaliação e crítica de políticas públicas para as cidades são também inquiridos, agregando assim alguns dos elementos centrais de referência da questão urbana contemporânea.
Como objetivo específico, busca-se incentivar a produção de pesquisas e reflexões sobre o urbanismo na Bahia e no Brasil, de forma a poder dar conta do conjunto de processos de reestruturação territorial e urbana em curso, caracterizando neles o que há particular e o que há de geral, especificando seus principais objetivos, agentes, escalas, formas de implementação e redes de cooperação. Com o tema URBANISMOS: ENSINO, PRÁTICA, APRENDIZAGEM, o urbBA[19] se organiza em torno de três questões centrais, que versam sobre: 1) Urbanismo enquanto política; 2) Experiências de Ensino e Aprendizagem; e 3) Práticas e Atuação Profissional.Com eles se espera dar seguimento ao processo de debates iniciado em 2011, ano de sua primeira edição, promovendo a cooperação entre instituições acadêmicas, sociedade civil e poder público, debatendo questões centrais da promissora relação entre urbanismo, ação coletiva e direito à cidade.
EIXO 1 – Urbanismo enquanto política
Este eixo remete aos processos e concepções urbanísticas, bem como aos sentidos e instrumentos de política urbana, o que nos sugere compreender o urbanismo enquanto esfera de construção de ideias e realidades, sob a tensão de um complexo de contradições, inquietações, interesses e possibilidades transformadoras das dinâmicas das cidades e do existir em seus territórios. A perda dos referenciais da modernidade e os novos termos do fazer a cidade têm resultado numa crise com consequências ainda opacas, o que instiga a reflexão e a procura por novos caminhos e novas utopias.
Alguns temas, abaixo sugeridos, ancoram as discussões:
• Instrumentos públicos e coletivos da política urbana e dimensão prático-sensível
• Participação e controle social na política urbana
• Desmonte institucional e financeiro da política urbana: extinção dos conselhos participativos e do Ministério
das Cidades
• Perspectivas da política habitacional e do PMCMV
• Utopias experimentais e futuros possíveis
• Planos, projetos e concepções urbanísticas na cidade contemporânea: urbanismo colaborativo, corporativo,
tático, social, crítico, sustentável, insurgente, entre outros
• Sujeitos coletivos e processos de transformação urbana
• Grandes projetos, regulação e seus impactos no território
• Desafios colocados pelo direito urbanístico numa perspectiva pública
EIXO 2 - Experiências de ensino e aprendizagem
A discussão sobre experiências de ensino e aprendizagem no campo do urbanismo deve atentar para a especificidade do campo, exigindo múltiplos olhares e aportes. No ambiente acadêmico, o entendimento dos processos urbanos contemporâneos tanto se faz a partir das disciplinas acadêmicas, como – numa tendência cada vez mais forte – através de uma abordagem multidisciplinar com a colaboração de diversas disciplinas. Ou ainda com a integração entre elas (o que somente seria atingível através da interdisciplinaridade) ou mesmo com a criação de algo novo no âmbito da transdisciplinaridade. Por sua vez, a interação entre universidade e sociedade – também uma perspectiva crescentemente colocada – redefine a equação ensino/aprendizagem e, nisso, o urbanismo, por sua própria natureza, vai ou possibilita ir além em experiências que misturam territórios, agentes sociais e culturais, instrumental analítico e propositivo, estratégias pedagógicas e de aprendizagem, saberes e fazeres. Temas a seguir listados apontam para estas reflexões:
• Articulação do ensino com a prática do urbanismo
• Estratégias metodológicas e pedagógicas do ensino de urbanismo: onde, quando, como, com quem
• Multi-Inter-Trans (MIT) disciplinaridade no ensino de urbanismo e os campos mobilizados
• Perspectivas políticas e mobilização de instrumental analítico e propositivo no ensino de urbanismo
• O papel da extensão e pesquisa no ensino de urbanismo
• O lugar do urbanismo nos projetos político-pedagógicos de ensino e formação
• Limites e possibilidades da ação da universidade na interação social
EIXO 3 – Práticas e atuação profissional
Tendo desaparecido certezas a respeito de como agir sobre territórios e cidades, questionar o fazer urbanismo numa perspectiva de interesse público e comum constitui o seu próprio fazer. Na medida em que soluções e proposições são sempre contextuais e conjunturais, reflexões que evitam a paralisia e possibilitam o caminhar podem ser construídas em articulação com múltiplos processos de ensino, de diálogo e de aprendizado. Com este princípio, entendemos ser necessário provocar debates tendo em vista temas como:
• Urbanismo em suas práticas e atuações democráticas
• Associações, escolhas e compromissos entre a técnica, a política, a ética e a estética
• Construção de propostas entre institucionalidades e organizações comunitárias: do edital à concretização de
ideias e do projeto
• Multi-Inter-Trans (MIT) disciplinaridade no projeto urbanístico
• Articulação e interação entre escalas e entre agentes: pluralidade de território, de cultura e de interesses
• Transformações, permanências e insistências em modelos de atuação
• Urbanismo enquanto produto de mercado
• Cidade em comum e agentes populares na sua construção
• Urbanidades e Ruralidades